Estudo publicado em 2020, onde os autores fizeram uma revisão sistemática, incluindo 17 ensaios publicados, descobriu que o óleo de coco aumentou significativamente o colesterol LDL e HDL no plasma e não teve efeito sobre os triglicerídeos, peso corporal, gordura corporal e marcadores de glicemia e inflamação em comparação com óleos vegetais não tropicais .
O óleo de coco é composto principalmente de ácido graxo saturado, ácido láurico (12 átomos de carbono), mas também de outros ácidos graxos saturados de cadeia longa, mirístico (14 átomos de carbono) e palmítico (16 átomos de carbono).
Todos esses ácidos graxos saturados aumentaram o colesterol LDL e o láurico, ácido graxo mais prevalente no óleo de coco, teve um efeito linear significativo sobre o colesterol LDL.
O ácido láurico é frequentemente classificado como um ácido graxo de cadeia média, no entanto, ele, com seus 12 átomos de carbono, age biologicamente como um ácido graxo de cadeia longa, não sendo absorvido diretamente para a circulação portal, necessitando de passar pelo fígado, para depois ser transportado no plasma pelos quilomicrons, mecanismo que aumenta o colesterol LDL. Assim, classificar o ácido láurico como um ácido graxo de cadeia média é um equívoco, indo contra sua ação biológica como um ácido graxo de cadeia longa.
Os verdadeiros ácidos graxos de cadeia média são absorvidos diretamente na circulação portal e não afetam o LDL-C.
O óleo de coco não é um óleo que age como se seus principais componentes fossem ácidos graxos de cadeia média, pois tem cerca de 13% de ácidos graxos de cadeia média verdadeiros com 6, 8 ou 10 átomos de carbono.
Embora o óleo de coco aumente o HDL-colesterol plasmático, é impossível saber se esse é um mecanismo benéfico nas doenças cardiovasculares. Admite-se que o HDL-colesterol é um marcador de risco robusto para doenças cardiovasculares, mas estudos genéticos e com medicamentos que aumentam o HDL ainda não sustentaram, nessas condições, uma relação causal entre o HDL-colesterol e as doenças cardiovasculares.
O HDL, é uma lipoproteína composta por uma grande variedade de subpartículas que podem ter ações adversas ou benéficas. Não se sabe ainda, quais alimentos ou nutrientes que aumentariam o colesterol HDL e ocasionando efeitos benéficos sobre a aterosclerose e eventos coronarianos. Assim, os efeitos dos alimentos ou nutrientes nas doenças cardiovasculares não podem ser julgados a partir das alterações no colesterol HDL.
Não há ensaio clínico randomizado que determine o efeito do óleo de coco em eventos cardiovasculares, como infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca ou acidente vascular cerebral.
O óleo de coco pode ser visto como um dos óleos de cozinha mais deletérios para a saúde cardiovascular, pois aumenta o LDL-C colesterol, um dos principais causadores das doenças cardiovasculares.
Substituir o óleo de coco por óleos vegetais instaurados não tropicais, especialmente aqueles ricos em gordura poli-insaturada, trará benefícios à saúde. Na prática culinária, o óleo de coco não deve ser usado como óleo de cozinha regular, embora possa ser usado com moderação para dar sabor ou textura.
Fonte: Sacks, F. M. (2020). Coconut Oil and Heart Health: Fact or Fiction? Circulation.doi:10.1161/circulationaha.119.044687