Muitos estudos vêm recomendando o uso de plantas com propriedades funcionais como coadjuvantes no tratamento da obesidade. Muitas espécies de plantas, no entanto, como a ora-pro-nóbis (Pereskia aculeata Mill), são negligenciadas e subutilizadas, por desconhecimento de suas propriedades nutricionais.
A planta ora-pro-nóbis, cujo nome vem do latim “orai por nós”, é uma trepadeira folhosa da família dos cactos, bastante rústica, perene, crescendo em vários tipos de solo, tanto à sombra como ao Sol. Cresce em terrenos baldios, é usada em cercas vivas por conta dos seus espinhos, daí a pouca valorização do seu enorme poder nutricional.
Reza a lenda que algumas igrejas católicas, na Minas Gerais colonial, tinham cercas feitas com essa planta, que pelos seus espinhos, afastariam invasores. Evidentemente que, para não perder sua função defensiva, os padres não deixavam a população colhê-la, mas, o jeitinho brasileiro resolveu esse problema. No momento em que os sacerdotes realizavam a missa, na época celebrada em latim e de costas para os fiéis, aproveitava-se para pegar o ora-pro-nóbis (OPN). Dessa maneira, quando o padre dizia ora-pro-nóbis, frase comum na cerimônia, todos entendiam a “deixa” para começar a colheita.
As folhas do ora-pro-nóbis contêm altos níveis de proteínas e minerais, sendo por alguns, denominada “carne vegetal”. Alguns estudos “in vitro” relataram que OPN tem atividade antimicrobiana contra algumas bactérias gram-positivas e gram-negativas, sugerindo presença de fitoquímicos com amplo espectro de atividade antibiótica.
Estudos em animais demonstraram que OPN possui propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias e melhora a motilidade intestinal. As folhas do OPN contêm altos níveis de carotenoides, minerais, dietéticos, fibras, vitaminas A e C, ácido fólico, esteróis (sitosterol e estigmasterol), flavonoides e compostos fenólicos, provavelmente responsáveis pelos efeitos benéficos da planta.
Um estudo realizado na Universidade Federal de Alfenas por Vieira,C.R. e cols, publicado na revista Nutrition*, demonstrou que a ingestão diária de 10 gramas de OPN em pó, diluídos em água, foi responsável pela melhoria da consistência das fezes, aumento da saciedade, redução do peso, da circunferência abdominal e do percentual da gordura corporal em mulheres, recomendando-se a ingestão diária do OPN no combate da obesidade e para melhorar o funcionamento intestinal.
Fonte: Vieira, C.R et al- A beverage containing ora-pro-nobis flour improves intestinal health,weight, and body composition: A double-blind randomized prospective study. Nutrition 78 (2020) 110869.