Um estudo realizado na Austrália, analisou mais de 110 mil pacientes atendidos por infarto agudo do miocárdio (IAM), sendo 39,549 (36%) mulheres e 70,495 (64%) homens, tendo como objetivo verificar se havia diferença entre o atendimento dos homens em relação às mulheres.
69,686 (63%) desses pacientes foram atendidos nos seus domicílios e transportados para os hospitais de ambulância, onde os paramédicos deveriam iniciar os protocolos de atendimento ao IAM, sabendo-se que o quanto mais rápido este o for, melhor será o prognóstico do paciente.
Os resultados mostraram que a grande preocupação dos paramédicos com o diagnóstico do infarto foi direcionado aos homens, a ponto de somente 12% das mulheres terem sido submetidas a um eletrocardiograma nas suas residências. Além disso, os protocolos de tratamento inicial do IAM foram feitos somente em cerca de 25% das mulheres.
Esse estudo vem corroborar o que a literatura médica ressalta com relação à doença cardiovascular nas mulheres, cuja mortalidade representa cerca de 30%, ultrapassando a mortalidade por câncer ginecológico, entre outras patologias.
A grande dificuldade diagnostica reside no fato da sintomatologia feminina ser diferente da masculina, que é a classicamente descrita: dor no peito, com irradiação para membros, sudorese, etc. As mulheres relatam queixas que às vezes são confundidas com sintomas gastro intestinais, dores nos ombros e nas costas, falta de ar, ou seja, sintomas totalmente atípicos da doença coronariana aguda. Essas diferenças fazem com que as atenções dos que atendem as emergências se direcionem para outras patologias, como o que foi descrito no estudo acima.
Lembro-me agora que sempre encerro a palestra que dou sobre a doença cardiovascular na mulher com o seguinte slide:
“O maior fator de risco para as doenças cardiovasculares nas mulheres é o desconhecimento de que infarto do miocárdio não é uma doença exclusiva do sexo masculino”
Fonte: Sex differences in emergency medical services management of patients with myocardial infarction: analysis of routinely collected data for over 110,000 patients. Am. Heart Journal 05/21.https://doi.org/10.1016/j.ahj.2021.07.009