A miscigenação das raças no Brasil fez com que, não raramente, cheguem ao consultório pessoas com a chamada talassemia ou anemia do Mediterrâneo. É uma doença hereditária do sangue que afeta a capacidade da pessoa de produzir hemoglobina, o pigmento existente nos glóbulos vermelhos que responde pelo transporte de oxigênio para todos os tecidos e órgãos do corpo.
Isso acontece porque há um defeito geneticamente determinado em uma das quatro cadeias de proteínas, ou globinas, que formam a hemoglobina, duas denominadas alfa e outras duas chamadas de beta. Esse problema reduz ou impede a fabricação da hemoglobina normal e, além disso, o indivíduo tem os glóbulos vermelhos menores, o que é chamado de microcitose.
A talassemia pode ser classificada como alfa ou beta, dependendo da cadeia afetada, e se apresentar de duas formas: minor, quando a pessoa só possui o traço da doença, sem alterações significativas no nível de hemoglobina e não tem sintomas, ou a major, com profundo comprometimento da produção do pigmento, com reflexos severos no baço, no fígado, nos ossos e no coração, o que implica cuidados médicos permanentes.
Algumas pessoas podem ter uma apresentação intermediária, com sintomas mais leves.
A talassemia atinge principalmente as populações de origem italiana, grega, asiática e africana. Estima-se que, no mundo, 15 milhões de pessoas sejam talassêmicas.