A sexualidade no climatério é um assunto que se reveste de crescente importância, ante a maior longevidade alcançada nas últimas décadas,bem como pelas modificações socioculturais ocorridas que permitiram à mulher expressar e exercer sua sexualidade, com plenitude, sem as amarras religiosas e sociais que a castravam e a constrangiam.
Apesar de ainda permanecerem incertezas quanto à influência da menopausa sobre a sexualidade, poderíamos dizer que há um consenso de que a libido e a atividade sexual diminuem à medida que a mulher envelhece.
A associação entre climatério e disfunção sexual sugere que as alterações hormonais, que ocorrem nessa fase, possam exercer um importante papel nessa área. Os sintomas decorrentes do hipoestrogenismo poderiam dificultar a expressão intimista sexual.
A partir da pré-menopausa, pode ocorrer declínio nos pensamentos e fantasias sexuais, diminuição da lubrificação vaginal e diminuição da frequência das relações, já
presentes a partir de dois anos antes da menopausa. Os problemas mais referidos são: perda da libido, vagina seca, dispareunia, perda da respostaclitoridiana, etc..
O que acontece aos órgãos genitais femininos na menopausa?
No climatério ocorre redução dos níveis de um hormônio feminino denominado estradiol, ocasionando com maior ou menor intensidade, alterações da anatomia e na fisiologia das estruturas genitais, podendo ocorrer redução dos grandes e pequenos lábios da vulva , além de redução do tamanho do clitóris e rarefação dos pêlos pubianos.
Ocorre uma diminuição da elasticidade da vagina, que se torna mais curta e estreita e sem rugosidades Estas alterações são responsáveis por queixas frequentes no climatério: vagina seca e dispareunia( dor durante o ato sexual) Os sintomas decorrentes da atrofia, tais como secura vaginal, prurido, irritação e queimor, podem perturbar a resposta sexual e até mesmo determinar sangramento pós-coital. A lubrificação vaginal, em resposta à excitação, que na juventude dá-se em segundos,nesta fase, precisa de mais tempo para ocorrer e muitas vezes está diminuída.
A penetração em uma vagina não-lubrificada é fatalmente dolorosa e pode afetar psicologicamente a dupla: a mulher, com medo da dor, pode fugir da relação sexual e o homem, com medo de machucá-la, pode retrair-se. A dor impede o prazer.A constância da dor pode levar à perda do desejo sexual e à fuga da relação sexual.
Quando, ante este quadro, não houver procura para um tratamento adequado e o parceiro insistir no coito, a resultante será a disfunção sexual conhecida como vaginismo. É quando a mulher, a qualquer tentativa de penetração, reflexamente contrai os músculos perineais e os adutores das coxas tornando o intróito vaginal apertado e quase intransponível.
A queixa de secura vaginal já pode ocorrer na pré-menopausa e deve ser compensada, seja com lubrificantes, seja hormonalmente, para não propiciar retração ao ato sexual, pela dor à penetração, e criar um ciclo vicioso.
A perda do tônus muscular pélvico junto com a diminuição do colágeno que acontece no climatério acentua a possibilidade de prolapsos genitais e incontinência urinaria , levando a infecções urinárias de repetição.
Alterações nas terminações nervosas periféricas, após a menopausa,podem afetar a percepção sensorial ao toque e manifestar-se por parestesia, intolerância a certos tecidos e, até mesmo, aversão ao toque, às carícias . A perda da sensação clitoridiana e a diminuição da capacidade orgástica podem refletir alterações na função dos sistemas nervosos, periférico e central.
Pelo exposto, os estrogênios, no referente ao desempenho sexual no climatério, podem ter uma ação benéfica no sentido de impedir a atrofia pélvica, lubrificar a vagina, aumentar a vascularização, e mediar receptores táteis na pele, mas podem estar contra indicados nas mulheres com historia previa de câncer de mama. Agem indiretamente na sexualidade. Melhoram os sintomas climatéricos e as condições orgânicas (trofismo, elasticidade, lubrificação) habilitando a mulher para a atividade sexual.
OUTROS FATORES ENVOLVIDOS NA SEXUALIDADE
A idade em si, acarretando alterações corporais e estéticas que modificam o padrão de beleza da juventude, pode levar à perda da auto-estima e a uma retração. A mulher tem vergonha de mostrar seu corpo.Fatores socioculturais, tais como o significado cultural e religioso da sexualidade e, até mesmo, o possível enfoque pessoal negativo da menopausa, exercem papel significativo no exercício da sexualidade.
As pessoas mais idosas foram, por muito tempo, envolvidas por uma imagem negativa de pessoas indesejáveis, impotentes e incapazes para reprodução e para troca exclusiva de prazer sexual. A sociedade tende a rejeitar a sexualidade das pessoas mais velhas, felizmente, este enfoque
está paulatinamente mudando, quando se vê cada vez mais freqüentes , novos relacionamentos entre pessoas acima dos 60 anos. Infelizmente a abertura sexual ocasionou aumento importante das doenças sexualmente transmissíveis entre os idosos, causados por relacionamentos sexuais promíscuos.
O aumento da incidência de HIV entre viúvas com idades acima de 60 anos nos últimos anos provavelmente esta associado a práticas sexuais não seguras com homens mais jovens que não sabiam ser portadores do vírus causador da AIDS.
Pacientes histerectomizadas ou mastectomizadas que não superaram estas perdas, sentem-se mutiladas e diminuídas sexualmente. Assim também as que sofreram abuso sexual prévio.A incontinência urinária de esforço e prolapsos genitais são outros fatores que constrangem as mulheres fazendo-as sentirem-se desvalorizadas e menos sexy. Algumas se beneficiam com TRH e exercícios fisioterápicos especiais.,outras necessitam fazer correção cirúrgica.
A presença de depressão, doença maligna, insuficiência cardíaca ou interferência medicamentosa também podem ser responsáveis pelas perturbações disfuncionais nesta área.
E, finalmente, é fundamental a existência de parceiro não só disponível, mas, como sempre se repete: .interessante e interessado. e apto. para que a sexualidade possa continuar a ser exercida no climatério.
Merece também um destaque especial a falta de comunicação e até mesmo de afeto entre casais que, no turbilhão da vida moderna, cultivando cada um sua individualidade, sua mesmice, perdem o elo amoroso que os unia.
Uma solução moderna e também alentadora, vem sendo praticada, é a terapia de regeneração vaginal através do uso de laser. Os resultados iniciais são interessantes e podem melhorar em muito a saúde vaginal das menopausadas.