Os efeitos do metabolismo anormal dos triglicérides na aterosclerose vêm sendo investigados há muitos anos e, atualmente, admite-se que elevações dos níveis dessas gorduras no sangue têm relação íntima com eventos cardiovasculares, como infarto do miocárdio, por exemplo. Entretanto, não existem dados suficientes para essa afirmação no que diz respeito aos acidentes vasculares cerebrais.
Hipertrigliceridemia, ou seja, aumento nos valores dos triglicérides, quando este se encontra acima de 150 mg/l, é um distúrbio associado ao aumento do risco cardiovascular. De acordo com dois grandes estudos apresentados em 2007, a probabilidade de um indivíduo com elevados níveis de triglicérides no sangue ter uma doença cardiovascular é 1,7 vezes maior do que para aqueles que têm taxas normais dessas gorduras.
A hipertrigliceridemia tem grande valor preditivo de doença cardiovascular em jovens e mulheres e está associada a aumento da mortalidade em pacientes portadores de doença cardiovascular.
Além do seu papel isolado, a hipertrigliceridemia tende a estar associada a outras anormalidades que predispõe a aterosclerose como: baixos níveis de HDL colesterol, aumento da resistência à insulina, aumento da viscosidade e da coagulabilidade sanguínea.
Ela pode ter uma origem hereditária ou adquirida. As heredo-familiares são bem conhecidas e fazem parte de síndromes que se repetem nas famílias, levando a eventos cardiovasculares precoces e repetidos. Quando adquirida, a hipertrigliceridemia decorre de obesidade, diabetes melito, doenças renais, hipotireoidismo, reposição hormonal em mulheres pós-menopausa ou ainda durante o uso de anticoncepcionais. Pode também ser consequência de tratamento com cortisona e antirretrovirais.
Modificações na dieta são muito eficazes no controle dos triglicérides, pois apresenta resultados muito mais evidentes do que os da dieta para o colesterol. Assim, evitar alimentos ricos em gorduras saturadas (frituras e gordura animal) reduz o colesterol em apenas 5% a 10%, ao passo que os triglicérides caem de 20% a 30%. Para reduzir os triglicérides é importante, também, diminuir a ingestão de açúcares, porque o glicerol neles presente forma o esqueleto químico das moléculas de triglicérides.
Embora o álcool pareça ter menor impacto nos níveis de triglicérides, sua ingestão concomitante com gorduras e frituras pode aumentá-los substancialmente. O exercício físico aeróbico é fortemente recomendado para os que apresentam triglicérides elevados. Sua prática reduz os níveis de 10% a 20%. Substâncias como os ácidos graxos ômega-3, presentes em peixes como o salmão, constituem fontes alimentares importantes para quem precisa reduzir triglicérides. Para os sedentários cujos os esforços dietéticos tenham fracassado, o tratamento farmacológico é indicado, existindo uma grande variedade de medicamentos que, ao serem utilizados, reduzem drasticamente os valores da hipertrigliceridemia.